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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

COMO DIFERENCIAR TIQUES DE COMPULSÕES


Apesar das diferenças conceituais, pode ser bastante difícil diferenciar os tiques das compulsões. Uma distinção importante que em geral se faz entre ambos é a característica dos tiques de serem rápidos e repetitivos, ocorrendo sem a presença de obsessões e com pouco ou nenhum controle do indivíduo. Já as compulsões são mais sistematizadas e geralmente estão relacionadas a uma ideia obsessiva.

Entretanto, existem tiques complexos envolvendo mais de um agrupamento muscular e tornando o movimento mais lento e muito mais elaborado do que no caso dos tiques simples. Alguns exemplos de tiques complexos são tocar em objetos ou nas paredes, agachar-se, esticar as pernas, voltar sobre os próprios passos e virar para trás ao caminhar. Da mesma forma, há compulsões que não são precedidas por obsessões.

Como exemplos de compulsões semelhantes a tiques, pode-se citar olhar de forma fixa para um determinado objeto ou pessoa, sentir necessidade de tocar em objetos ou pessoas ou esfregar determinada superfície para obter uma sensação específica. Nesses casos, as diferenças são muito arbitrárias e pouco precisas.

Com isso, alguns autores poderão interpretar parte desses comportamentos como tiques e outros, como compulsões. Por exemplo, o mesmo comportamento repetitivo de tocar alguém ou um objeto pode ser considerado uma compulsão quando é precedido por pensamentos ou ideias e iniciados com o objetivo de diminuir o incômodo causado por esses pensamentos, ou pode ser considerado um tique quando motivado por uma sensação corporal ou precedido apenas por um "ter que" tocar.

Para evitar essa confusão conceitual, propõe-se referir esses comportamentos como intencionais repetitivos precedidos ou não por obsessões ou fenômenos sensoriais, acreditando que há um continuum entre esses comportamentos e que a distinção, nesses casos intermediários, não traz muito benefício. É importante lembrar também que a ocorrência de tiques complexos sem a ocorrência de tiques simples é bastante rara.

Fonte: Tiques, cacoetes, síndrome de Tourette, Ana Hounie e Eurípedes Miguel, org.

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