Amigos

Translate

sexta-feira, 30 de março de 2012

ENTREVISTA COM A PSIQUIATRA ANA BEATRIZ BARBOSA SILVA


A longa entrevista concedida pela psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva ao Programa do Jô (36 minutos) é altamente esclarecedora sobre transtornos mentais. Ela aborda Tourette, TOC, TDAH e outros problemas. Tire um tempo e assista, pois vale muito à pena.

quarta-feira, 28 de março de 2012

GRUPOS DE TOC E PÂNICO ESTÃO COM INSCRIÇÕES ABERTAS

O grupo de apoio aos portadores de transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) do Hospital de Clínicas de Porto Alegre está com inscrições abertas para interessados entre 18 e 65 anos.

A psicóloga do grupo, Juliana Braga Gomes, informa que o tratamento dura 12 sessões de terapia cognitivo-comportamental.

Também há vagas em aberto para o grupo de terapia de transtorno do pânico, da mesma "família" dos transtornos de ansiedade, cujo tratamento também é feito pelo processo cognitivo-comportamental.

Para se inscrever em qualquer dos dois grupos, basta procurar o grupo de TOC do HC ou escrever para o e-mail ju_gomes@terra.com.br.

UM POUCO SOBRE DISTONIA


A distonia é uma doença do sistema nervoso, cuja principal característica é o movimento involuntário dos músculos (espasmos), provocando movimentos e posições anormais de uma parte ou da totalidade do corpo. Há uma paragem repentina do movimento da pessoa, provocada pela contracção involuntária, lenta e repetitiva do músculo.

A distonia tem várias denominações consoante o local afetado. Se for numa zona limitada do corpo como as mãos, pescoço ou olhos, é distonia focal. Em duas zonas juntas, como braço e mão, a distonia é segmentar; em metade do corpo é hemidistonia; se afetar todo o corpo, é distonia generalizada.

Há dois tipos de distonia, a primária e a secundária. Na primeira, desconhece-se a causa, sendo parte das distonias primárias genéticas; na segunda, a causa é consequência de uma doença, acidente ou problemas no parto.

As causas não são conhecidas (idiopáticas) em grande parte dos doentes. Há quem defenda ser devido ao funcionamento incorreto dos núcleos da base do cérebro, provocando contrações e movimentos involuntários nos músculos errados quando a pessoa está parada ou em movimento.

Também pode ser devida a uma hiperatividade de algumas áreas do cérebro, como o tálamo, córtex cerebral e gânglios basais.

A distonia crônica pode ter origem genética. A distonia também pode ser provocada numa situação grave de hipoxia (falta de oxigénio no cérebro), por alguns metais pesados, reação a alguns medicamentos (geralmente melhora com medicação injetável), por doenças ou acidentes que provoquem lesão em certas zonas do cérebro (distonia secundária).

As distonias focais afetam apenas uma zona limitada do corpo. Normalmente, os sintomas começam após os 30 anos e podem passar despercebidos. Posteriormente, as contrações musculares são mais intensas e frequentes, manifestando-se também durante o repouso. Nesta altura, pode haver dor no músculo comprometido.

As cinco distonias focais mais frequentes são a blefarospasmo, distonia oromandibular, torcicolo espasmódico, disfonia espasmódica e cãibra do escrivão.

Fonte: Conhecer Saúde

segunda-feira, 26 de março de 2012

CONHECENDO OUTROS TRANSTORNOS

- O transtorno do estresse pós-traumático ocorre quando, após presenciar acontecimento traumático que envolveu morte, grave ferimento ou ameaça à integridade física própria, ou de outros, o evento é persistentemente revivido (recordações aflitivas, pesadelos, agir ou sentir como se estivesse ocorrendo novamente).

Há sofrimento psicológico intenso quando ocorre exposição aos indícios do fato ocorrido, reações fisiológicas ao lembrar da situação vivida(suores, tremores, etc.). Esquiva persistente aos estímulos associados com o trauma, afastamento em relação a outras pessoas, diminuição do interesse em atividades, sentimento de desesperança, dificuldades no sono, irritabilidade, hipervigilância, sobressaltos.

Considera-se quadro agudo quando ocorre dentro de um período de três meses e crônico quando de maior duração.

- Transtorno de ansiedade induzido por substância decorre do uso de determinadas substâncias que pode levar a um ou mais transtornos ansiosos, como: ansiedade generalizada, ataques de pânico, sintomas obsessivo-compulsivos,  sintomas fóbicos.

Os sintomas aparecem durante ou dentro de um mês após a intoxicação ou abstinência de uma ou mais substâncias. O distúrbio causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida da pessoa comprometida.

O início pode ocorrer durante o uso excessivo(quando há intoxicação) ou durante a abstinência(logo após interrupção do uso).

Substâncias causadoras mais conhecidas : álcool, anfetaminas (comuns nas fórmulas para emagrecimento), cafeína, cannabis (maconha), cocaína, heroína, alucinógenos (LSD), inalantes (cola), sedativos, hipnóticos e tranquilizantes.

- Transtorno de ansiedade generalizada não é fácil de identificar, confundindo-se facilmente com sintomas encontrados nos outros transtornos de ansiedade. Há a necessidade de se procurar sempre um especialista quando suspeita-se desse transtorno.

Grande parte das pessoas procuram clínicos gerais e outros especialistas devido ao comprometimento físico muito frequente.

O transtorno caracteriza-se por ansiedade e preocupações excessivas (uma expectativa apreensiva) que persistem por pelo menos seis meses. As preocupações ocorrem com as diversas atividades do dia a dia e há dificuldade em relaxar ou livrar-se delas.

A ansiedade e as preocupações estão associadas à uma inquietação ou à sensação de estar com os nervos à flor da pele, cansaço, dificuldade em concentrar-se (“brancos”), irritabilidade, tensão muscular (dores musculares), perturbação do sono. Muitas vezes há disfunções somáticas gastrointestinais associadas, como: gastrites, colites, diarréias, etc.

- Transtorno bipolar do humor, anteriormente conhecido como psicose maníaco-depressiva, apresenta um conjunto de sintomas que são necessários para caracterizar este diagnóstico e ocorre em duas fases: euforia (ou mania), que apresenta humor elevado ou expansivo, autoestima exagerada, sentimentos de grandiosidade, diminuição da necessidade de sono, pressão por falar, distratibilidade, fuga de idéias, envolvimento excessivo em atividades sem medir consequências, irritabilidade exacerbada, aumento do desejo sexual, atividades prazerosas exacerbadas; e depressão, que apresenta humor deprimido a maior parte do dia, interesse ou prazer acentuadamente diminuídos, por quase todas ou todas as atividades, choro fácil, perda ou ganho significativo de peso ou alterações do apetite quase todos os dias, insônia ou excesso de sono, agitação ou retardo psicomotor, fadiga ou perda de energia, sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva, capacidade de concentração ou de pensar diminuída, pensamentos de morte frequentes.

Como vimos, há possibilidades contraditórias numa mesma patologia o que exige capacitação técnica para determinar um diagnóstico preciso e o tratamento mais adequado, necessitando-se de conhecimento médico psiquiátrico

Fonte: Ambulatório de Ansiedade (Amban)

sexta-feira, 23 de março de 2012

CASO CLÍNICO DE ST, DESCRITO POR UM PSIQUIATRA

O Jornal Brasileiro da Psiquiatria, editado pelo Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro, descreveu um caso de adolescente com sintomas de síndrome de Tourette e TDAH. Embora longa, recomendamos ler a descrição do psiquiatra. Alertamos, entretanto, que a linguagem é voltada para médicos.

A., masculino, 12 anos, brasileiro, negro, natural do Rio de Janeiro, cursando a 4ª série do ensino fundamental.

Resumo do caso: Síndrome de Gilles de la Tourette associada ao transtorno de déficit de atenção com hiperatividade: resposta clínica satisfatória a inibidor seletivo da recaptura de serotonina e metilfenidato

Nascido a termo, de parto cesáreo em virtude de eclampsia, apresentou desenvolvimento neuropsicomotor sem alterações. A mãe refere que, quando bebê, ele era calmo. Contudo, desde os 3 anos de idade, passou a apresentar comportamento hiperativo. Na escola, ficava muito agitado, batendo e mordendo os colegas. Em casa, ele gostava de assistir a desenhos animados na televisão, mas "levantava o tempo todo, não parava quieto".

Aos 7 anos, na 1ª série do ensino fundamental, as professoras passaram a relatar manifestações de déficit de atenção: "ele vivia desligado" e não interagia. A família buscou atendimento neuropsiquiátrico em outra instituição. Foram prescritos risperidona e ácido valproico. A mãe não percebeu melhora. A seguir, introduziu-se carbamazepina, "que o deixava bobo". Foi reprovado na escola.

No ano seguinte (aos 8 anos), continuava com a medicação prévia e foi associada fluoxetina, sem sucesso. Apresentou ganho de peso significativo, pois "comia compulsivamente". Ainda nessa época, passou a exibir tique motor, "piscar demais os olhos" e algum tempo depois a apresentar tiques vocais manifestados como "pigarros", que é como a mãe chamava os ruídos que o paciente emitia como se estivesse "limpando ou aliviando uma comichão na garganta". Essas vocalizações ocorriam numa frequência semelhante e, por vezes, acompanhando o abrir e fechar rítmico das pálpebras.

A mãe informa que alguns meses depois iniciaram as compulsões: quando caminhava, "parecia que estava medindo tudo, colocava um pé atrás do outro". Além disso, "se abrisse a porta, tinha que fazer isso várias vezes" e, ao assistir a desenhos animados, passou a repetir a fala de todos os personagens, de todos os exames. Foi possível observar alguns desses fenômenos no primeiro exame.

Foi encaminhado ao Serviço de Psiquiatria do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG) para avaliação diagnóstica e conduta terapêutica (aos 9 anos, na 2ª série). Na ocasião, estava em uso de carbamazepina 100 mg/dia, ácido valproico 1,5 g/dia, risperidona 1 mg/dia e fluoxetina 20 mg/dia. Durante a consulta, apresentava hiperatividade, mostrando-se bastante inquieto, andando pela sala, manuseando os objetos à sua frente, como o carimbo do médico.

Apresentava prejuízo significativo no desempenho escolar e social. O paciente exibia comportamento impulsivo. Relata que os colegas de escola chamavam-no de esquisito e, às vezes, ele "não aguentava e batia neles". Segundo a mãe, as brigas eram semanais e ela encontrava-se bastante preocupada, pois A. estudava com bolsa em uma escola particular. Ela temia que ele perdesse o benefício por causa do mau comportamento e do baixo rendimento escolar.

Foram diagnosticados transtorno de Tourette, transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno de déficit de atenção com hiperatividade, tipo combinado, segundo os critérios diagnósticos do DSM-IV-TR. A conduta consistiu em aumentar a fluoxetina para 30 mg/dia. Houve melhora rápida da irritabilidade (duas semanas) e gradual das compulsões e tiques (dois meses), confirmada pela professora. A risperidona foi, então, suspensa e iniciou-se a redução gradual da dose de carbamazepina e ácido valproico, até sua retirada completa.

Contudo, a hiperatividade e a impulsividade eventuais persistiam com prejuízo escolar. Iniciou-se, então, metilfenidato 10 mg/dia pela manhã, que era seu turno na escola. Segundo a mãe, após aproximadamente sete dias a concentração dele aumentou, assim como a tranquilidade. A professora informou que A. passou a copiar a matéria no caderno e a prestar atenção às aulas.

A mãe relatou que com o tratamento A. passou a comer menos e "as repetições diminuíram". Houve redução "no piscar dos olhos", vocalizações e "mania de pisar com um pé na frente do outro". Cessaram os comentários sobre os tiques na escola. "Pararam de chamá-lo de esquisito", diz a mãe.

Com a introdução do metilfenidato, apresentou redução acentuada da hiperatividade, refletindo-se em melhora da coordenação e psicomotricidade, a qual pode ser observada por meio da mudança na caligrafia do paciente. Além disso, o desenvolvimento da atenção voluntária levou à melhora significativa em seu desempenho escolar. No ano em que iniciou o tratamento no HUGG, ficou entre os 10 melhores alunos da turma. O controle dos tiques motores e vocais possibilitou melhor relacionamento interpessoal. Após a suspensão da risperidona, carbamazepina e ácido valproico e início de uso do metilfenidato, houve redução de 10 kg de massa corporal em um ano, atingindo a faixa de peso esperada para sua altura.

O paciente é acompanhado no serviço há dois anos, não tendo sido necessário aumento de dose das medicações nesse período.

Discussão

Trata-se de um caso característico de SGT. Os sintomas de TDAH precedem os tiques motores, os quais, usualmente, se manifestam antes das vocalizações. Os sintomas compulsivos surgiram por último. A coprolalia, tida como típica do transtorno, ocorre em menos de um terço dos casos, não sendo observada no caso relatado.

Muitas vezes, torna-se difícil diferenciar TOC de sintomas obsessivo-compulsivos integrantes da SGT. Contudo, é sugerido que rituais de lavagem e checagem são mais frequentes em pacientes com TOC, enquanto pacientes com SGT exibem mais comumente compulsões de tocar, contar, piscar, sendo, dessa forma, vistas por muitos como tiques complexos.

No caso descrito, o paciente não apresentou piora dos tiques com o uso do metilfenidato, beneficiando-se da melhora no quadro de TDAH. Além disso, a fluoxetina levou à redução não apenas dos sintomas compulsivos, mas também, possivelmente, dos tiques. Uma vez que o paciente continuou sendo acompanhado no serviço, mantendo a melhora observada há dois anos, acredita-se que esse fato não seja apenas uma oscilação espontânea da intensidade dos sintomas, decorrente da evolução da doença, mas sim efeito da medicação.

Embora alguns ensaios clínicos tenham evidenciado ausência de efeito ou pouco efeito da fluoxetina nos tiques, relatos de casos, bem como a nossa experiência clínica, vêm demonstrando bons resultados. Uma hipótese neuroquímica para isso seria a deficiência de serotonina e seus metabólitos, observada em alguns estudos.

Kurlan et al. avaliaram 11 crianças com SGT em uso de haloperidol ou clonidina, ao qual foi adicionado, randomicamente, fluoxetina (20-40 mg/dia) ou placebo. Os pacientes relataram melhora na intensidade e capacidade de supressão dos tiques com a adição de fluoxetina, sugerindo algum efeito potencial dos ISRS no tratamento de tiques.

Convém ressaltar que o ensaio clínico conduzido por Scahill envolveu apenas 14 pacientes e a dose de fluoxetina foi estabelecida em 20 mg/dia, sem possibilidade de aumento12. Dessa forma, o baixo poder do estudo (em virtude do pequeno tamanho amostral), bem como a baixa dose administrada de fluoxetina, pode ter sido responsável pela ausência de resposta dos tiques.

Conclusão

O paciente descrito foi manejado satisfatoriamente apenas com ISRS e metilfenidato, sem necessidade de uso de bloqueadores dopaminérgicos para controle dos tiques da SGT.

Se confirmada a eficácia dos ISRS no manejo dos tiques, estes constituirão uma alternativa terapêutica vantajosa, dado o perfil de eventos adversos mais favorável, possibilitando melhor qualidade de vida dos pacientes.

quarta-feira, 21 de março de 2012

UM POUCO SOBRE FOBIAS

- Chama-se AGORAFOBIA a ansiedade que se sente  em locais ou situações onde possa ser difícil ou embaraçoso escapar, e o auxílio pode não estar disponível na eventualidade de sentirmo-nos mal, devido a sintomas ansiosos : falta de ar, suores, tonturas, sensação de desmaio ou descontrole.

Esses medos são inespecíficos e ocorrem em mais de uma situação como, por ex: na presença de multidões, filas, ônibus, metrô, cinemas, congestionamentos ou às vezes até na própria casa quando se está só. É o medo de ter medo.

Não devemos confundir agorafobia com fobia específica. Esta última está relacionada sempre com situações ou objetos determinados, como por ex: baratas, cachorro, aves, andar de elevador, altura, dirigir veículos, avião, etc.

- FOBIA SOCIAL é o medo persistente de situações em que a pessoa acredita estar exposta à avaliação dos outros, ou se comportar de maneira humilhante ou vergonhosa. Quando tenta enfrentar ou permanecer em tais situações, pode ocorrer uma reação intensa de ansiedade com o aparecimento de sintomas, como: taquicardia, tremores, suor, boca seca, ondas de calor, rubor ou até um ataque de pânico.

Há a tentativa de evitá-las a todo custo, mas reconhece-se que o medo é irracional, mantendo-se a autocrítica. Geralmente, ocorre comprometimento nas atividades sociais e ocupacionais. Quando a Fobia Social ocorre em apenas uma ou algumas situações, é chamada Circunscrita. Quando muitas situações são evitadas, causando grande prejuízo nas atividades, é chamada generalizada.

- Nomeia-se FOBIAS ESPECÍFICAS o medo excessivo e irracional revelado pela presença, ou antecipação da presença, de um objeto ou situação que causa pavor. Quando há intensa ansiedade pode levar ao ataque de pânico.

Reconhecemos que esse medo é absurdo , sem razão, mas não conseguimos livrarmo-nos dele. Às vezes o suportamos com muito sofrimento e por pouco tempo. Na maioria das vezes passamos a evitá-lo, - esquiva fóbica – passando por situações consideradas ridículas ou anormais.

Exemplos: fobias de animais (aves, insetos, gatos, cachorros e outros), sangue e ferimentos, avião, trens, elevadores, altura, de doenças (câncer, AIDS, etc.).

Fonte: Ambulatório de Ansiedade (Amban)

segunda-feira, 19 de março de 2012

SUPER TALDO


No início dos anos 60, uma emissora de TV chilena realizou entrevista com um garoto que sofria de estranhos sintomas, como espasmos musculares severos e tics vocais. Nele, o adolescente fala de um super herói de sua imaginação, o Super Taldo. Naquela época, quase nada se sabia sobre síndrome de Tourette.

O vídeo, disponibilizado no Youtube, tem inúmeras repostagens em tom de deboche; uma crueldade, realmente. Até um funk, os perversos foram capazes de fazer.

Aqui, você pode conferir a entrevista na íntegra, sem qualquer tom jocoso ou sarcástico. Afinal, cada um de nós, touréticos, é, um pouco, este menino.

Avisamos: a qualidade é baixa.

sexta-feira, 16 de março de 2012

"A TOURETTE FOI UM PRESENTE DE DEUS NA MINHA VIDA"


O tique nervoso do escritor paulista José Sandoval transformou não só a sua vida. Hoje, ele leva às escolas um tema que fez parte de sua infância: o bullying.

"Já passei por 20 escolas com a palestra sobre o bullying. O critério é atingir os bairros mais necessitados. Queremos entregar 20 mil certificados aos estudantes. Acredito que a palestra transforma o aluno", disse o escritor.

Sandoval descobriu ainda na infância ser portador da síndrome de Tourette. Mesmo descriminado na infância, por causa do tique nervoso em grau avançado que atinge a parte direita do seu rosto, o escritor não desistiu. Hoje ele tem 20 livros publicados e um sobre bullying em andamento. Além do trabalho que desenvolve nas escolas.

"Hoje eu agradeço a Deus. A doença e a discriminação me tornaram uma pessoa melhor. Foi por ela que eu tive que estudar mais que os outros. Foi por ela que eu desenvolvi uma força de vida e de busca muito grande. É por ela que eu consigo hoje olhar para as pessoas e vê-las sem preconceito, sem querer ser melhor que os outros", confessou ele em entrevista.

Veja mais detalhes da história do escritor e também do projeto desenvolvido nas escolas:

Diário de Suzano: Como lidou com a síndrome na infância?

José Sandoval: Sou portador da síndrome de Tourette. É um tique nervoso em grau muito avançado. Com sete anos, quando a doença começou a se manifestar, eu tive alguns problemas de relacionamento no ambiente escolar. O tempo todo eu precisava melhorar minhas atitudes e procurar ser uma criança diferente. Eu não revidava nenhuma agressão moral sofrida entre os colegas.

DS: Quais dificuldades surgiram?


Sandoval: Com o tempo eu fui notando uma dificuldade muito grande em me concentrar nos estudos. O portador de Tourette tem uma deficiência na concentração. Na adolescência tive hiperatividade e também comecei a tratar minha autoestima. Eu me sentia diferente dos outros, porque não tinha um relacionamento social como eles. Os meus amigos não me convidavam para sair quando o grau do tique estava muito avançado, por isso me isolei.

DS: Qual a probabilidade da doença atacar uma pessoa?

Sandoval: Ela ocorre em 1% da população mundial. No Brasil, aproximadamente 1,8 milhão de pessoas têm a síndrome em graus diferenciados. São tiques e torções de nariz na fase baixa. No médio, que eu consegui estacionar, são espasmos mais agudos. E por último o grau avançado. As pessoas nem saem na rua. Elas pulam e gritam. A ciência não sabe definir se a síndrome é algo genético ou surge em uma complicação na gestação.

DS: Existe tratamento para o tique?

Sandoval: Em 2001, eu descobri um tratamento e que a doença não tem cura. Comecei a tomar medicações fortes. Eram remédios que me tiravam todo o reflexo. Eu não conseguia mais ter um processo de pensamento natural. Os medicamentos me tiravam da vida normal. Então, na época, eu descobri que tenho cinco hérnias no pescoço em função dos tiques e uma escoliose de quase dois centímetros na coluna. Os músculos da face direita do meu rosto são todos atrofiados. Foi aí que eu decidi parar com toda medicação receitada. Busquei tratamentos alternativos, como a base de florais e acupuntura. Mas acabei entrando em uma zona de conforto. Baixei a frequência do meu cérebro.

DS: Por que começou a ministrar sobre o bullying nas escolas de Suzano?

Sandoval: Abandonei o trabalho de divulgador e hoje estou focado na prazerosa tarefa de esclarecimento sobre o bullying. O preconceito é reduzido toda vez que você esclarece sobre o bullying para as pessoas. Tomei como algo quase espiritual palestrar sobre o assunto de tão relevante que é na minha vida pessoal. O trabalho nas escolas começou em fevereiro deste ano.

DS: Como é a palestra nas escolas?

Sandoval: Eu vou às escolas para falar do bullying baseado na minha vivência como portador da síndrome de Touretti. Começo brincando e aí eu vou trazendo a seriedade. São debates sobre as brigas nos portões das escolas, a intolerância dentro da sala de aula e outros assuntos. Quando eu ministro para os alunos eu não falo como um especialista em bullying, mas como alguém que sofreu discriminação. Em todas as coisas que faço existe minha vida pessoal inserida. Não é uma representação é uma vivência que passo aos alunos. Eu tenho prazer em fazer o que faço. É minha missão. Não sei se foi Deus que determinou, mas eu abracei como uma missão de vida.

DS: Quais as características do bullying?

Sandoval: A gente precisa separar o que é bullying e o que é brincadeira. As pessoas não podem levar tudo ao pé da letra. Existe a brincadeira que é agradável, gostoso e une as pessoas. Mas quando cai na perseguição aí não é aceitável. A mesma ação de perseguição que se repete por 30 dias é considerado bullying. Quando isso ocorre no ambiente de trabalho é chamado de assédio moral.

DS: Em quantas escolas o tema já foi ministrado?


Sandoval: Já passei por 20 escolas com a palestra sobre o bullying. O critério é atingir os bairros mais necessitados. Nessa nova etapa, que provavelmente deve começar em Palmeiras, queremos entregar 20 mil certificados aos estudantes. Acredito que a palestra transforma o aluno. Eles começam rindo e aos poucos apresento as diferenças do tema e a importância.

DS: Como o senhor encara o tique hoje?

Sandoval: Hoje eu agradeço a Deus. A doença e a discriminação me tornaram uma pessoa melhor. Foi por ela que eu tive que estudar mais que os outros. Foi por ela que eu desenvolvi uma força de vida e de busca muito grande. É por ela que eu consigo hoje olhar para as pessoas e vê-las sem preconceito, sem querer ser melhor que os outros.


Acredito que foi um presente de Deus na minha vida. Eu não xingo eu não reclamo. Eu sinto dores, mas ela me fortalece. Abaixo de Deus, a síndrome é minha grande companheira de vida. 

Blog de José Sandoval: Eu quero paz nas escolas

Fonte: jornal Diário de Suzano

quarta-feira, 14 de março de 2012

CLIC NERVOSO NO SITE DA COLETIVA.NET


Um dos maiores portais brasileiros de notícias sobre o mundo da comunicação social, o Coletiva.net, de Porto Alegre, postou uma ótima matéria a respeito do trabalho que realizamos na divulgação da síndrome de Tourette e suas comorbidades, aqui no Clic.

O espaço, valiosíssimo, foi conseguido porque o Auber, nosso colaborador, é jornalista e portador da ST desde os oito anos (hoje ele tem 45 e, medicado, leva uma vida completamente normal).

Clique aqui para ler o texto.

Muito bom! :-D

CONHEÇA O TRABALHO DE JAMES, UM VENCEDOR


Me chamo James Alcides, tenho 40 anos, moro no Recife. Nasci com uma doença degenerativa chamada distrofia muscular. Ainda criança, fiz exames e o médico disse a meus pais que eu viveria no máximo até os 17 anos. Mas nunca demos bola pra isso e eles sempre me incentivaram a estudar.

Consegui, no ano de 1997, me formar no curso de Comunicação Social, habilitado em Jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). Ainda no sexto período consegui um estágio em uma produtora de vídeo, onde entrei para ganhar experiência,  acabei contratado e estou lá até hoje.

Há cerca de três anos comecei a investir na minha produtora, a Ideias Ideais, e decidi criar um programa para a TV chamado VENCER, onde mostramos que a pessoa com deficiência tem suas habilidades e possibilidades de ser incluída em uma sociedade excludente.

Outro motivo para a criação do VENCER é que, como deficiente, estava cansado de ver pessoas do nosso segmento só aparecer na televisão pedindo cadeira de rodas ou cestas básicas.

Basta disso!!!

Durante dois anos, estivemos no ar em pequenas emissoras locais, mas devido à falta de patrocínio, tive que tirar o VENCER do ar. Agora estamos na internet: www.youtube.com/redevencer


Mas sigo na luta em busca de novos parceiros para voltarmos com tudo. Quem quiser e puder ajudar, pode entrar em contato com a gente através do e-mail: vencer.pe@hotmail.com ou no Facebook: Programa Vencer. Meu contato telefônico é: (81) 8742-9003 / 3257-9003

segunda-feira, 12 de março de 2012

A FAMÍLIA PODE (E DEVE) AJUDAR


Os comportamentos dos pais dirigidos à busca de informações e tratamento para o filho parecem ter um efeito reforçador sobre o comportamento saudável deste. De forma geral, quanto maior o tempo despendido em atividades prazerosas ou produtivas, menor será a gravidade dos sintomas.

Algumas pessoas com tiques crônicos não percebem a presença dos tiques ou sua intensidade. Os pais e a família, orientados por um terapeuta, têm, portanto, o importante papel de ajudar o paciente a observar e descrever a presença dos tiques.

Descrever o sintoma é uma parte do tratamento que o portador de ST precisa fazer. Neste caso, a família deve mostrar e nomear o que está acontecendo, assim como quem está ensinando uma criança a falar. Cabe ao terapeuta melhorar a discriminação do paciente sobre o próprio sintoma e treinar os familiares a fazer o mesmo.

No entanto, algumas pessoas com a síndrome percebem, ainda crianças, que são diferentes das demais. Observam que têm alguma coisa que os outros não têm e precisam de uma explicação para isso. Com essa explicação, a pessoa pode se sentir mais bem compreendida e reagir com maior naturalidade a perguntas feitas fora de casa.

A presença dos sintomas precisa ser tratada como algo natural, sem valor moral, como qualquer outra doença. Essa naturalidade tornará mais fácil o enfrentamento de questões que venham a surgir. A postura da família deve ser norteada pelo binômio "participação e naturalidade".

Fonte: Tiques, cacoetes, síndrome de Tourette, Ana Hounie e Eurípedes Miguel, org.

sexta-feira, 9 de março de 2012

A TOURETTE PODE REGREDIR?

Sim. A remissão pode ocorrer a qualquer instante. Os dados atualmente disponíveis sugerem que os tiques tendem a estabilizar-se e a ficar menos intensos na idade adulta. Tender não quer dizer necessariamente que vão diminuir. Há muitos casos de adultos com tiques, de leves a graves.

Se serve de consolo, não há qualquer influência da Tourette na longevidade dos portadores da síndrome. As pessoas diagnosticadas têm o mesmo tempo de vida que as pessoas sem ST.

quinta-feira, 8 de março de 2012

"O LÍDER DA CLASSE" NA TV A CABO BRASILEIRA


Pela primeira vez uma TV brasileira exibirá o filme Front of the Class (O Líder da Classe, em português), produção norte-americana de 2008 que conta a história real do professor Brad Cohen e tudo o que ele passou desde a infância, quando surgiram os primeiros sintomas da síndrome de Tourette.

O filme será exibido nesta sexta-feira (9) no Studio Universal, canal 138 da NET, às 20 horas. É imperdível!

Mas, se você não tem tv a cabo, não se desespere. Temos uma cópia do filme - em inglês, com legendas em português - hospedada no site Uploaded, que pode ser baixada pra seu computador, bastando clicar aqui: http://clicnervoso.blogspot.com/2011/11/o-lider-da-classe.html

A propósito, com o fim do Megaupload, o site que hospedava os filmes postados aqui no Clic pra que você pudesse assisti-los, tivemos que buscar um novo servidor.

Assim, agora você também já pode fazer download novamente de A Menina no País das Maravilhas, clicando neste link: http://clicnervoso.blogspot.com/2011/11/dica-de-filme-menina-no-pais-das.html

O mesmo vale para o filme Feliz Natal, produção brasileira de 2010 que também teve seu link pra download substituído pelo Uploaded: http://clicnervoso.blogspot.com/2011/12/dica-de-filme-feliz-natal.html.

E pro livro "O Homem Que Confundiu Sua Mulher Com Um Chapéu", do psiquiatra Oliver
Sacks: http://clicnervoso.blogspot.com/2011/12/dica-de-livro-o-homem-que-confundiu-sua.html

quarta-feira, 7 de março de 2012

O QUE PODE PIORAR OS TIQUES?


Existem alguns fatores que podem interferir na expressão dos tiques, entre eles, fatores pré e perinatais, comórbidos, farmacológicos e psicossociais. Os fatores pré e perinatais que podem estar relacionados com a gravidade dos tiques na ST são a hipoxia neonatal (falta de oxigênio durante o parto) e o uso do cigarro pela mãe durante a gestação. Isto também é um fator predisponente para o aumento da gravidade dos tiques vocais.

Como é comum haver comorbidades em pacientes com Tourette, é preciso levar em consideração, quando do início do tratamento, qual será o alvo principal, pois muitas vezes o TDAH e/ou o TOC podem ser mais prejudiciais do que a ST em si.

Tratar o TDAH com psicoestimulantes, há até pouco tempo, era considerado um potencializador dos tiques, tanto em sua gravidade quanto em sua frequência. Alguns estudos, porém, têm demonstrado que o uso de psicoestimulantes não difere dos placebos com o uso contínuo. Na prática, porém, é comum observar-se piora dos tiques quando se inicia o uso dessas substâncias.

Além do TDAH, é bastante comum a presença de TOC e depressão. Assim, pode haver um pior desempenho social, prejuízo psicológico e diminuição da qualidade de vida do paciente, sobretudo quando o portador não percebe os próprios tiques. Trata-se, neste caso, da estética do movimento.

Estudos relatam que o movimento do andar requer graça, leveza e coordenação, requisitos que faltam aos pacientes com ST, o que os torna alvo de olhares alheios e prejulgamentos, parecendo, por exemplo, que estão alcoolizados e/ou drogados. Consequentemente, acabam sendo julgados também do ponto de vista moral, causando, assim, baixa autoestima, estigmatização e retração social. Tais estados emocionais tendem a favorecer o aumento dos tiques.

Fonte: Tiques, cacoetes, síndrome de Tourette, Ana Hounie e Eurípedes Miguel, org.

segunda-feira, 5 de março de 2012

TIQUES MOTORES DE AUTO-AGRESSÃO

No vídeo abaixo, uma adolescente norte-americana fala sobre seu dia particularmente ruim porque os tiques da Tourette estão muito fortes. Ela tem espasmos motores violentos, forçando-a a se dar socos no peito. Também tem grave descontrole do tronco e do pescoço, além de vocalizações.

Embora esteja em inglês, sem legenda, o vídeo vale como auxílio à conscientização - de leigos e portadores -, sobre os vários níveis de Tourette existentes, a exemplo de outros já postados aqui no Clic, com o mesmo objetivo.

Assim, pode ser visto sem volume (até porque tem uma música irritante ao fundo), que não afetará a compreensão da severidade do problema da garota.

sexta-feira, 2 de março de 2012

APRENDENDO A CONVIVER COM A TOURETTE

Embora cada pessoa seja afetada de forma diferente, algumas sugestões que podem ser úteis no trato com as comorbidades da Tourette, desde que sejam adaptadas às particularidades e circunstâncias, e sem tentar substituir o conselho ou orientação para os responsáveis ​​pelas terapias ou tratamentos.

Agravamento dos sintomas

O agravamento dos tiques ou outros sintomas de ST também pode aumentar a irritabilidade, agressividade, desânimo e apatia aos afetados. Neste momento, você deve consultar profissionais e procurar entender e lidar melhor com esta situação.

Também é desejável estimular e apoiar o seu envolvimento nos tratamentos prescritos, evitar a punição aos afetados por seus sintomas ou ficar longe dele e incentivá-lo, explicando que é uma fase de sua evolução, mas que terão o amor e o apoio necessário para superar.

Crise de agitação e irritabilidade

Às vezes, e especialmente a falhas ou frustrações, as pessoas afetadas podem tornar-se impacientes e reagir de forma exagerada.  Estas "tempestades" são geralmente de curta duração e geralmente dirigida àqueles que mais vêm tentando ajudar.

Nestas situações, é desejável para evitar o fracasso culpar ou afetados por seus erros. Redirecionar sua atenção para outras atividades podem acalmar, e a presença de alguém capaz de falar com firmeza também pode inspirar a calma. Se a agitação é excessiva, não é aconselhável deixá-lo sozinho.

Atitudes negativistas

Negativismo pode ser uma forma de se afirmar e proteger a auto-estima, evitando a possibilidade de falhas de novo. A crítica constante diante dos seus sintomas ou conseqüências do fracasso deve ser evitada. O contrário acarreta motivação reduzida e falta de perseverança.

Por isso, é desejável, para evitar críticas, minimizar a importância dos erros (que são inevitáveis e necessários em qualquer aprendizagem) e valorizar as suas realizações; incentivar a sua participação em atividades que possam alcançar resultados satisfatórios, obviamente fazendo-o sentir as suas escolhas e decisões, e promover a sua autonomia e autodeterminação.

Dificuldades com controle de impulsos

Dada a impulsividade que pode ocorrer em alguns casos, é importante estimular a ideia de que manter o controle é possível e que a prática de certas técnicas, sob supervisão profissional e colaboração da família, pode ajudá-lo a alcançar isto.

Sempre desencorajar o consumo de drogas ou álcool para tentar obter uma sensação de calma e controle sobre suas próprias ações.

Depressão, isolamento social e ideação suicida

Às vezes, a rejeição de desânimo e mal-entendido leva o portador de ST a se isolar. Neste caso, você deve evitar deixar a pessoa sozinha. É importante perceber as respostas afetivas para o apoio social e incentivar atitudes que emergem de seu isolamento.

Sintomas de depressão devem ser tratados com ajuda psicológica profissional e podem exigir tratamento medicamentoso.

A ideação suicida nunca deve ser ignorada. Nestes casos, não se deve hesitar em consultar com psicólogos e outros profissionais de saúde especializados nesses problemas.

Fonte: blog Nossas vidas com Tourette