Amigos

Translate

terça-feira, 9 de abril de 2013

GUIA PARA PROFESSORES SOBRE A SÍNDROME DE TOURETTE

Senhor Professor:

É possível que você nunca tenha ouvido falar em síndrome de Tourette.

Entretanto, esta síndrome engloba uma série de sintomas que podem afetar consideravelmente o desempenho de uma criança na escola, tanto em termos acadêmicos quanto em nível de comportamento. Portanto, torna-se importante que você saiba um pouco sobre o problema.

A sua motivação em tomar conhecimento da síndrome de Tourette através deste guia já representa um grande passo no objetivo de ajudar ao máximo a criança portadora desta patologia.

Os pais, a criança, os profissionais médicos e paramédicos e, especialmente, os professores, todos trabalhando em equipe, podem assegurar que as crianças com este distúrbio atinjam todo o seu potencial.

Para muitos alunos, o único aspecto da ST a se tornar evidente na sala de aula são os tiques. A reação do professor a esses cacoetes se reveste de uma grande importância. O professor e outros membros da equipe pedagógica são os adultos mais frequentemente envolvidos com a vida de um aluno com a ST.

Este envolvimento não só confere uma séria responsabilidade como também uma grande oportunidade para exercer um impacto positivo e duradouro no ajustamento da criança coma ST e na sua aceitação pelos colegas de turma.

Dicas para a sala de aula

Em alguns casos os cacoetes e ruídos podem atrapalhar a aula. É importante lembrar que eles ocorrem involuntariamente. A criança com a ST que é chamada atenção devido aos seus sintomas torna-se muitas vezes hostil em relação à autoridade e fica receosa em relação à escola. Além disto, você estará servindo de modelo para a reação das outras crianças da turma. Se o professor não for tolerante, os outros na sala sentirão liberdade para ridicularizar a criança com a ST.

Dê à criança oportunidades para pequenos intervalos fora da sala de aula. Alguns alunos com a ST querem - e conseguem - suprimir seus tiques durante um curto tempo, porém há necessidade de descarregá-los devido a um aumento da tensão emocional. Um intervalo em um lugar reservado, a fim de relaxar e liberar os tiques, pode muitas vezes reduzir os sintomas na sala de aula. Esses pequenos intervalos podem aumentar a capacidade de concentração da criança, já que ela não estará usando toda a sua energia na supressão dos tiques.

Permita, se necessário, que o aluno com a ST faça provas em um local reservado para que não haja gasto de energia emocional na contenção dos tiques. Trabalhe com outros alunos da turma e da escola a fim de ajudá-los a entender os tiques e a reduzir as implicâncias e ridicularizações.

Caso os cacoetes de uma criança se tornem muito incômodos, evite temporariamente que a criança se dirija em voz alta para a turma. O aluno poderia gravar exercícios orais de forma que ele pudesse ser avaliado sem o “stress” de ficar diante da turma.

Você deve ter em mente que o aluno com ST está tão frustrado quanto você a respeito da natureza incômoda dos tiques. O professor, se tornar-se um aliado dessa criança e ajudá-la a lidar com este distúrbio, juntamente com a família e outros profissionais, pode tornar a vida acadêmica da criança com ST uma experiência enriquecedora.

Lidando com problemas de escrita

Uma percentagem significativa de crianças com a ST também possui problemas de integração visuo-motor. Portanto, tarefas que exijam que esses alunos visualizem, processem e escrevam também prejudica a cópia da lousa ou de um livro, a execução de longas tarefas escritas e a apresentação de trabalhos escritos. 

Algumas vezes, pode parecer que o aluno é preguiçoso ou “enrolador”, mas, na verdade, o esforço para colocar a tarefa no papel é massacrante para esses alunos.

Modifique as tarefas escritas permitindo que:

- A criança execute problemas alternados de uma página do livro de aritmética;

- A criança apresenta os seus trabalhos oralmente;

- Um familiar ou outro adulto atue como uma “secretária”, de modo que o aluno possa ditar suas ideias, para facilitar a formação de conceitos. É bom concentrar-se no que a criança aprendeu e não na quantidade de trabalho escrito produzido.

Já que o aluno com problemas visuo-motores pode não conseguir escrever rapidamente e, portanto, deixar de anotar informações importantes, designe um colega de turma que utilize papel carbono para fazer cópias de anotações e de deveres de casa. Este colega deve ser um aluno confiável. Aja discretamente a fim de que a criança com a ST não se sinta ainda mais diferente.

Se a sua escola tem provas com sistema computadorizado de pontuação, permita que o aluno escreva na própria folha de prova. Esta medida evita notas baixas causadas pela confusão visual que pode ocorrer quando do preenchimento do cartão de respostas.

Dê, sempre que possível, tanto tempo quanto necessário para a execução de provas. Mais uma vez, avalie a necessidade de dar provas em outra sala, no sentido de evitar problemas como, por exemplo, distração para o resto da turma.

Aluno com problemas visuo-motores geralmente apresentam erros de ortografia. Não considere esses erros e o encoraje  a reler o texto produzido. Avalie a caligrafia baseando-se no esforço do aluno.

Alunos com ST apresentam dificuldades especiais para a execução de exercícios escritos de matemática e física. Eles podem ser auxiliados pelo uso de papel milimetrado com quadros grandes ou com papel pautado comum, colocado de lado, a fim de formar colunas para o cálculo. O professor também pode permitir o uso de calculadoras para cálculos simples.

Estas medidas podem representar a diferença entre um aluno motivado, bem-sucedido, e um aluno que se sente um fracasso, que começará a evitar as tarefas escolares por nunca conseguir bons resultados.

Lidando com problemas de linguagem

Algumas crianças com ST têm sintomas que afetam a linguagem. Há dois tipos de problemas: os que são comuns a outras crianças e aqueles especificamente associados aos tiques da ST.

As seguintes medidas pode ser úteis ao lidar com problemas de processamento de linguagem relacionados a dificuldades gerais de aprendizagem:

- Forneça tanto informação visual quanto auditiva sempre que possível. O aluno poderia receber informações escritas e orais ou uma cópia do roteiro de aula enquanto ouve as instruções. Gráficos e gravuras que ilustrem o texto também ajudam bastante;

- Dê instruções em uma ou duas etapas de cada vez. Quando possível, peça ao aluno para repetir as instruções para você. Em seguida, faça com que o aluno complete um ou dois itens e verifique se ele os fez adequadamente;

- Se você perceber o aluno resmungando enquanto trabalha, sugira a ele que sente em um lugar onde não incomodará os outros. Algumas vezes, a repetição de instruções ou informações em voz baixa ajuda estes alunos a entenderem e lembrarem a tarefa, bem como a organizarem o raciocínio.

Entre os problemas de linguagem característicos da criança com ST, encontra-se a repetição de suas próprias palavras ou de outra pessoa. Estes sintomas pode parecer gagueira, mas na verdade há omissão de palavras ou expressões. 

Outros alunos podem se aproveitar deste problema, sussurrando ou dizendo coisas inapropriadas de forma que a criança com ST involuntariamente as repita e “entre numa fria”. Você deve estar atento a este problema.

- Faça com que o aluno tenha um pequeno intervalo ou mude para outra tarefa;

- Dê a criança um cartão com uma “janela” cortada que deixe ver uma só palavra de cada vez. O aluno desliza a janela pela linha que está lendo de modo que a palavra anterior é coberta e as chances de ficar “preso” a uma palavra diminuam;

- Faça com que o aluno use lápis ou caneta sem borracha e permita que o aluno complete o exercício oralmente;

A sua capacidade em ser flexível, como educador, pode fazer toda a diferença do mundo.

Lidando com problemas de atenção


Além das dificuldades de aprendizagem, muitas crianças com ST possuem graus variáveis do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Como mencionamos anteriormente, o tratamento médico deste problema em crianças com  ST é complicado.


As sugestões que se seguem podem ser úteis ao aluno com  ST e problemas de atenção:


- Coloque a criança sentada na primeira fileira, em frente ao professor, com o intuito de minimizar a distração causada pelas outras crianças;


- Evite colocar a criança sentada perto de janelas, portas ou outras fontes de distração;

- O aluno deve trabalhar intensamente durante curtos períodos de tempo, com intervalos para ajudar o professor em alguma atividade ou simplesmente ficar em seu assento;

- Mude as tarefas com freqüência. Por exemplo, passe alguns problemas de matemática, depois mude para caligrafia, etc.;

- Combine a execução de tarefas com antecedência. Um número específico de problemas deve ser resolvido dentro de um tempo pré-determinado. Seja realista: alunos com problemas de atenção não podem fazer duas ou mais atividades independentes ao mesmo tempo. Exercícios curtos com verificações freqüentes são mais eficientes.

Com uma criança mais jovem, uma atitude simples, como colocar a sua mão no ombro dela, pode ser útil como um lembrete para manter a atenção no que está sendo dito.

Educar uma criança com ST pode proporcionar desafios interessantes. Quanto mais você conhece e entende o distúrbio, mais capaz você será de ajudar o desenvolvimento desta criança. 

Crianças com a ST que conseguem se sentir confortáveis com seus professores e colegas brilham na escola e se tornam indivíduos capazes de desenvolver seus talentos e prestar uma contribuição positiva à sociedade. 

Conhecimento, apoio, paciência, flexibilidade e carinho são os melhores presentes que um professor pode dar a uma criança com ST.

Fonte: blog Nossas Vidas com Tourette

Nenhum comentário: