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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O PORTADOR DE TOC MAIS FAMOSO DO BRASIL


Quem tem assistido aos shows de Roberto Carlos, nos últimos tempos, se surpreende com sua atuação no palco. Roberto está visivelmente mais à vontade e alegre. Canta músicas que havia riscado do repertório por conterem palavras que considerava tabu, como "mentira" e "maldade".

Parece um novo Roberto Carlos – e é mesmo. Tudo porque ele vem se submetendo a sessões de terapia cognitivo-comportamental para se livrar de um distúrbio psicológico que o acomete há mais de uma década, mas que só agora ele resolveu combater – o transtorno obsessivo-compulsivo, ou TOC.

Trata-se de um distúrbio que se manifesta por meio de uma série de excentricidades e manias cultivadas no cotidiano. No caso de Roberto, por exemplo, tornaram-se famosas manias como sair de um ambiente pela mesma porta pela qual entrou, não usar nada de cor marrom, evitar palavras de conotação negativa e jamais assinar documentos na fase minguante da Lua.

Na entrevista a seguir, ele conta como estão se dando essas transformações.

Quando você soube que sofria de transtorno obsessivo-compulsivo, distúrbio conhecido pela sigla TOC?

Há quase dez anos. A princípio, pensei que pudesse me curar sozinho. Tentei fazê-lo com a ajuda de um livro que fala do assunto. Mas logo vi que o transtorno obsessivo-compulsivo é algo muito mais sério do que em geral se imagina.

Que sintomas levaram ao diagnóstico?

Minhas manias e superstições. Todo mundo tem algumas maniazinhas, como sentar no mesmo banco quando vai à igreja, por exemplo, e não fica chateado quando o banco está ocupado. Mas minhas manias estavam me incomodando. Já consegui me livrar de algumas delas. Também confundia alguns sintomas do TOC com superstições. Hoje, vejo que não sou tão supersticioso assim. Minhas superstições até que são bastante comuns, muita gente também as tem.

O que o fez procurar tratamento?

Fiquei sabendo do caso grave de TOC de Luciana Vendramini. Depois disso, cheguei a conversar com ela sobre o assunto. Já sentia vontade de fazer tratamento e fiquei animado com o que ouvi dela. Resolvi que era hora de procurar a cura. Há algum tempo estou fazendo terapia cognitiva-comportamental. Submeto-me a sessões de uma hora, duas vezes por semana. A autocura é possível, mas é muito difícil. Bom mesmo é ter um terapeuta cuidando de cada aspecto do transtorno. Hoje já existem muitos terapeutas especializados em TOC. É um distúrbio que atinge, em diferentes níveis, 3% da população brasileira.

Você toma remédios para combater o TOC?

Não. No meu caso, em que não há sintomas graves, como ficar horas parado no mesmo lugar, não me foram receitados remédios. A cura pode demorar um pouquinho mais sem eles, mas é possível. Estou me curando apenas através da conversa com a terapeuta. A cura depende muito da vontade do paciente. Tem de ter coragem, disposição, empenho.

Qual a reação das pessoas quando sabem que você sofre de TOC?

É incrível, mas o TOC às vezes é tratado até como uma coisa engraçada. Há quem diga "Para com isso, rapaz. Que bobagem!". No filme Melhor É Impossível, em que o personagem de Jack Nicholson sofre de TOC, o transtorno também é mostrado de forma meio cômica. Mas não é nada disso. O TOC é uma coisa muito séria, que perturba muito. Quem o tem deve procurar um terapeuta o mais rápido possível.

Por que você demorou para procurar um terapeuta?

Gostaria de tê-lo feito antes. Teria sido bom para mim. Mas, de qualquer maneira, sinto que estou melhor a cada dia que passa. Estou um pouco mais solto.

Fonte: Revista Veja

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