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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

(continuação) POSSIBILIDADES DE CURA

Drauzio – É possível curar definitivamente as pessoas com tiques ou com a Síndrome de Tourette?

Ana Gabriela Hounie – Em Medicina é sempre muito difícil falar em cura. Existem tratamentos, controle. As pessoas conseguem ter boa qualidade de vida, mas não se pode afirmar que o problema vai desaparecer completamente, até porque a Síndrome de Tourette é flutuante. Pode desaparecer na infância e voltar na fase adulta. Quanto ao transtorno obsessivo-compulsivo, há pessoas que nunca mais apresentam problemas depois que são tratadas e as que passam a vida inteira precisando de tratamento.

Drauzio – Os adultos são mais resistentes ao tratamento do que as crianças?

Ana Gabriela Hounie – Quanto mais se demora para fazer o diagnóstico, piores são os resultados, porque os distúrbios parece que ficam enraizados, como se fizessem parte da personalidade da pessoa. É muito difícil mudar um comportamento que tem 20 anos de evolução.

Drauzio – Tive um paciente que, quando saía do banco onde trabalhava, cismava que havia deixado um bilhete no qual revelava que era homossexual. Voltava, então, ao banco e passava horas procurando o tal bilhete que não existia, porque ele nunca o escrevera. Como você trataria uma pessoa assim?

Ana Gabriela Hounie – Com certeza, é um caso de transtorno obsessivo-compulsivo. O esquema ideal de tratamento pressupõe medicação com antidepressivos inibidores da recapacitação da serotonina associada à psicoterapia.

Drauzio – Considerando esse caso teórico, em média, quanto tempo dura o tratamento?

Ana Gabriela Hounie – Isso varia muito. Há pessoas que apresentam resposta excelente a medicações e o comportamento indesejável desaparece. Em seis meses, estão levando vida normal. Existem casos que não respondem e é necessário trocar de medicação. Pode-se dizer que 40% deles, os chamados de refratários, não apresentam melhora mesmo depois de terem sido tentadas todas as medicações possíveis.

Nesse aspecto, existem linhas de pesquisas em várias áreas tentando descobrir novas técnicas para ajudar os pacientes refratários. Há um tipo de cirurgia que atua no córtex frontal, que interrompe sua ligação com as estruturas dos gânglios de base, e a estimulação transcraniana, ou seja, a aplicação de ondas magnéticas no cérebro sem necessidade de abri-lo. Em certos pacientes, algumas horas depois da aplicação, o pensamento obsessivo desaparece, mas infelizmente retorna depois.

Fonte: www.drauziovarella.com.br

(Fim)

Para saber ainda mais, adquira o livro "Tiques, cacoetes, síndrome de Tourette: um manual para pacientes, seus familiares, educadores e profissionais de saúde", dos drs. Ana Gabriela Hounie e Eurípedes Miguel (org), clicando aqui.

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