"O filme Amargo Pesadelo (Deliverance, 1972) estava sendo rodado no interior dos Estados Unidos. O diretor John Boorman fez a locação de um posto de gasolina nos confins do mundo, onde aconteceria uma cena entre vários atores atuando junto com o proprietário real do posto, onde ele também morava com sua mulher e filho. Este último, autista.
A equipe parou no posto de gasolina para abastecer e aconteceu a cena mais marcante que o diretor teve a felicidade de encaixar no filme.
Num dos cortes para refazer a cena do abastecimento, o ator Ronnie Cox, que, sendo músico, sempre andava acompanhado do seu violão, aproveitou o intervalo da gravação e, já tendo percebido a presença de um garoto que dedilhava um banjo na varanda da casa, aproximou-se e começou a repetir a sequência musical do garoto.
Como houve uma 'resposta' por parte do menino, Boorman captou o significado daquele momento e mandou filmar. A reação dos demais atores, naquele momento, não era fictícia, mas espontânea.
Atente pra alguns detalhes:
- o garoto não estava nos planos do filme;
- a alegria do pai curtindo o duelo dos banjos... dançando!;
- a felicidade da mãe captada numa janela da casa;
- a reação autêntica de um autista quando o ator músico quer cumprimentá-lo.
Vale a pena o duelo, a beleza do momento e, mais que tudo, a alegria do garoto. A sua expressão! No início está distante, mas, à medida que toca o seu banjo, ele cresce com a música e vai se deixando levar por ela, até transformar a sua expressão num sorriso contagiante, transmitindo a todos a sua felicidade.
O garoto brilha, cresce e exibe o sorriso preso nas dobras da sua deficiência, que a magia da música traz à superfície. Depois, ele volta para dentro de si, deixando a sua parcela de beleza eternizada por acaso."
Um comentário:
É uma grande satisfação poder colaborar com este trabalho tão importante que estás fazendo, amigo Auber. Tenho certeza que este site está ajudando muita gente a viver melhor e também a conviver melhor!
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